"[...] um livro é um casulo que permite redesenhar seu próprio espírito." Emanuele Coccia
Uma casa. Trocar palavras de lugar, compor mobílias. Cidades, povoados. Soy mi cara en el viento, a contraviento y soy el viento que me golpea la cara. Cambiar el paisaje, si quiere: playa, campo, ciudad. Um casulo móvel: metamorfose portátil. Colocar na bolsa inclusive, morar dentro também. O mundo é um casulo dentro do casulo. A gestação contínua da metamorfose. Ouve a canção da fibra, cada papel já foi árvore. Você ouve? Escuta a voz das árvores nos livros, a fibra vegetal emaranhada com as letras, atravessamentos. As palavras não moram nos livros. Quando os fechamos elas partem em viagem para as nuvens, para a névoa. Você já tentou abrir um livro de dentro do sonho? Tente da próxima vez. Hoje à noite, por exemplo. As árvores. Ouvir a canção das fibras, adentrar no sonho das árvores. As árvores são nossos maiores oradores. Ouve então.
Os trechos em itálico são bricolagens com textos de Eduardo Galeano, Emanuele Coccia e Hermann Hesse, respectivamente.
Créditos:
Imagem de abertura: Felipe Vernizzi
Segunda imagem: Sara de Melo