ONDE O SOM
sento sob a sombra onde o vento sopra todo sol pra fora onde o som da onda me afronta somos som, o longo que me expande o tempo onde escondo ontens somos som, o curto onde todo ser cabe num tom turvo onde o som da onda me afronta som que escorre lânguido sob olhos nos líquidos – preso olhar ao ritmo se mudam num ciclo ida e vinda nítidas se embaralham tontas onde o som da onda me afronta onda dá cadência antevê marulho cada antecedência faz também repuxo tomba instantes únicos numa ação constante onde o som da onda me afronta mãos começam no ombro como ondas no oceano na areia terminando tentando alcançar-me no momento tênue o que é maré avança onde o som da onda me afronta mas enquanto a lua não tentar louvar lume a quem vislumbra sou constante som da onda onde um de mim sonda como mundos dormem maré sendo pélago como rumos ao silêncio são sons mesmo sendo tempo estourando agora planos domo o andar das ondas com dedos em concha crio descanso dentro onde o som da onda me encontra
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Imagem de abertura: Felipe Vernizzi